Estamos em 30 de setembro. Falta um trimestre inteiro, mas o Brasil não tem paciência para calendário. Já dá pra fazer retrospectiva — e ainda sobra material para uma minissérie da Globo.
Primeiro veio o labubu. Bonequinho com cara de ressaca, preço de cirurgia plástica em Miami e função social zero. Gente fez fila, brigou em shopping, empenhou o 13º. Tudo isso para guardar num armário. O capitalismo venceu e ainda riu da nossa cara.
Depois o morango do amor, aquele doce de parque que engana pela cor e decepciona pela textura. Virou símbolo de romance açucarado: todo mundo fala que gosta, mas no fundo dá dor de barriga.
Aí veio o bebê reborn. Adulto de trinta anos embalando boneca de plástico como se fosse sucessor dinástico da família real de Osasco. Quem precisa de Freud quando o mercado resolve nossos traumas em 12 vezes no cartão?
E como esquecer a Virgínia? Onipresente, onipotente, onividente. Nem Deus conseguiu esse índice de engajamento. Onde se ligava a TV, lá estava ela: sorrindo, vendendo, multiplicando seguidores como pães e peixes digitais.
E para fechar com chave de forca: metanol. O único elemento honesto do ano. Não tem filtro, não tem publi, não tem TikTok. Só a lembrança de que a cada gole de esperança pode haver um veneno escondido.
E olhe que ainda faltam três meses! A retrospectiva parcial já está assim. Imagine o capítulo final. Se continuar nesse ritmo, o réveillon vai ser transmitido direto da emergência.