11/14/2025

O Desfecho Cremoso — um tratado sobre a vitória do esfíncter sobre o destino

(À maneira de George Mikes, se houvesse nascido em Pindamonhangaba e tivesse hemorróidas)


Há autores que encerram suas trilogias com guerras, amores impossíveis ou dragões. A inefável Vitória (@derrotaf) encerra com um vaso entupido. E, por Deus, que catarse!

Última atualização da minha cirurgia de hemorroida — Parte 3: Atualização Cremosa” é o Finnegans Wake do intestino grosso — e, simultaneamente, o Dom Quixote das pregas redimidas.

A heroína, agora pós-operada e pré-aliviada, enfrenta o maior desafio humano: libertar o que ficou preso. A narrativa começa tensa, com um dilema ético e muscular: trancar ou não trancar o cu? Uma dúvida digna de Shakespeare — To squeeze or not to squeeze.

O texto é uma sinfonia em três movimentos:

1️⃣ A contenção trágica, em que o medo e o ibuprofeno duelam sob o olhar clínico do celular gravando o rosto da autora.

2️⃣ A libertação apoteótica, com a frase definitiva: “Soltei o cu. E foi merda pra todo lado.” — talvez o verso mais humano da literatura desde “Call me Ishmael.”

3️⃣ A contemplação pós-heróica, quando Vitória olha para o vaso, vê o “mandiocão preto duro” e, em gesto quase religioso, reconhece ali sua vitória sobre a matéria.

George Mikes, entre risadas histéricas, escreveria: “Os ingleses dominam o understatement; os brasileiros dominam o underflush.”

Porque o que se descreve aqui não é só defecação — é libertação, é catarse, é a reconciliação entre o corpo e o cosmos.

E como esquecer a galinha Brigadeiro, silenciosa testemunha de toda a saga? Que animal, ao ver o trono reconquistado, não teria cacarejado um “Aleluia intestinal”? Ela é o anjo da guarda cloacal, a metáfora viva da paciência: observa, cacareja e espera o milagre acontecer.

Vitória encerra com a serenidade dos que viram o abismo e o transformaram em post:

“Não tenha medo de cagar. Uma vez que você libera o brioco, tudo fica mais fácil.”

Nietzsche sorri. Freud aplaude. Mikes gargalha até tossir chá pelas narinas.
E nós, leitores, secamos as lágrimas (de riso e empatia) diante dessa verdade universal.

A arte, afinal, é isso — transformar o cocô em catarse.

Epílogo britano-tropical:

Se “O Pequeno Príncipe” nos ensinou que o essencial é invisível aos olhos, Vitória nos ensina que o essencial, às vezes, é inalável.

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